Campeão do primeiro "The Ultimate Fighter Brasil - Em busca de campeões" na categoria peso-pena, Rony Jason
realizou o sonho de sua vida ao entrar para o UFC. O assédio do público
cresceu bastante, assim como a pressão para lutar, que veio de
contrapeso. O cearense agora já traçou uma nova meta: a disputa do
cinturão da organização. Mas ele sabe que o caminho é longo e não deixa
de lado a humildade quando o assunto é a carreira. Em entrevista ao SPORTV.COM
após um treino na Team Nogueira, o adversário do americano Sam Sicilia
no UFC Rio III, em 13 de outubro, falou sobre o desejo de enfrentar José
Aldo, o atual campeão:
- Acho que com essa e mais duas lutas boas eu poderia ter a
oportunidade de disputar o cinturão. Deus queira que seja contra o José
Aldo, assim o cinturão não sai do Brasil. Se o José Aldo perder antes,
vou batalhar para trazer o cinturão de volta para o nosso país.
Ainda morando no alojamento da Team Nogueira, academia dos irmãos
Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, no Rio, o carismático dono da
máscara do vilão dos cinemas Jason disse que houve uma melhora nos
patrocínios, mas ainda não a ideal. Sincero, ele também afirmou que não
gosta de machucar os adversários e que procura separar a pessoa do
lutador:
- Eu tento me esconder naquela máscara. O Rony Mariano é uma pessoa, o
Rony Jason é outra. Quando vou lutar, tento não ser o Rony Mariano. Às
vezes eu brinco e a galera fica zombando de mim, mas eu não gosto de
machucar meu oponente. Na hora, para conseguir o que eu quero, uma
finalização ou um nocaute, tenho que buscar isso, mas pode ver que nas
minhas lutas busco sempre a finalização. Procuro machucar menos meu
oponente porque sei o sofrimento que ele passa para estar ali, e o meu
também, me vejo na pele dele ali. São duas pessoas buscando o mesmo
sonho, e infelizmente só uma vai conseguir.
Rony Jason falou ainda sobre a parceria com o Fortaleza, seu time de
coração e que o está patrocinando, e revelou que vai entrar no octógono
montado na Arena da Barra com a bandeira do clube. Quando criança, ele
"saía na mão" com o irmão, que é torcedor do rival Ceará. A seguir, leia
a entrevista na íntegra:
SPORTV.COM: Você ficou bem mais conhecido por ter sido campeão
do TUF Brasil. Mudou sua vida? Isso refletiu também nos patrocínios?
RONY JASON:
Realmente mudou muita coisa na minha vida. Ainda estamos batalhando um
pouco na parte dos patrocínios. Estamos conseguindo alguns para a minha
luta (no UFC Rio III). Mas consegui algumas parcerias, como o Fortaleza,
que está me ajudando. Com essa ajuda estou podendo focar mais agora na
preparação física para a luta.
Hoje em dia tenho fãs, mais seguidores no Twitter. O bônus é ser
reconhecido pelo meu trabalho, e o ônus é que a responsabilidade só
aumenta"
Rony Jason
Você é bastante carismático e cativou muita gente por causa da máscara do Jason. Como é nas ruas agora?
Com certeza hoje em dia sou mais conhecido, e graças também a essa
repercussão do MMA no Brasil. A mídia tem um grande poder, a Globo
principalmente. Minha luta contra o Gasparzinho (no TUF) também foi
muito polêmica. Hoje em dia tenho fãs, mais seguidores no Twitter. Mas
para mim existem o bônus e o ônus. O bônus é ser reconhecido pelo meu
trabalho, e o ônus é que a responsabilidade só aumenta com isso. Cada
vez mais quando eu for lutar vou defender minha nação. Não luto mais por
Mossoró (RN), Quixadá (CE), Rio de Janeiro, vou lutar agora por toda a
nação brasileira.
Nota da redação: amigos, Jason e Gasparzinho entraram na mesma
categoria do TUF Brasil e tiveram de se enfrentar já nas quartas de
final. A escolha, feita por Vitor Belfort, gerou muita polêmica
exatamente em torno do duelo entre amigos ou companheiros de treino.
Sente-se preparado para lidar com essa pressão toda?
Tento não pensar nisso. Treino todos os dias aqui na Team Nogueira, uma
das melhores equipes do mundo. Tenho grandes pessoas que me ajudam,
Everaldo do jiu-jítsu, Gazé do muay thai, Edelson e Erivan do boxe, o
Pavanelli na preparação física, sem contar com meus companheiros de
treino que voam baixo, o Bruno Machado, o Sheymon, os irmãos Pitbull,
Matheuzinho, Jonas... Essa galera só tem a somar no meu jogo.
Como estão esses treinos? Está afiado em tudo? E o peso?
O peso está tranquilo, agora estou com 76kg, são 10kg para tirar, então
está tranquilo. Não vou sofrer tanto como na última vez, geralmente
sofro muito para perder peso. E na preparação ainda tenho muito a
melhorar. Lógico que ninguém chega à perfeição, mas tento buscar sempre
isso. Tenho que melhorar meu boxe ainda, meu wrestling, o jiu-jítsu.
Sempre tento evoluir a cada treino.
O que você sabe sobre o Sam Sicilia e o que espera dessa luta?
Vi que na luta do TUF (Sicilia participou da última edição americana)
que o Cristiano Marcello o golpeou umas 90 vezes e acertou 34, então ele
é um cara que não se defende bem. Mas é um cara que ataca e tem um
poder letal. Sei que ele é do wrestling, tem mão forte, fica de guarda
baixa, aceita chute, e vou trabalhar em cima disso. Treino muito boxe,
estou tentando manter o jiu-jítsu. Ele não caminha para trás, nem eu,
então vai ser uma luta interessante para o público. O cartel dele também
é parecido com o meu, tem muitas vitórias no primeiro round. Espero que
essa luta não passe do primeiro round, mas se Deus quiser para mim, e
não para ele.
Nocaute ou finalização: tem alguma preferência?
Prefiro ganhar. Não importa como. Tipo assim: não existe gol feio, feio
é não fazer o gol (parafraseando o ex-jogador Dadá Maravilha). Eu
ganhando e dando felicidade para a nação brasileira está bom.
E a máscara? Tem certeza se vai poder usá-la?
Da outra vez foi um erro que aconteceu. O Dana White já confirmou em
várias matérias publicadas que vou poder usar minha máscara. Então,
estou bem mais tranquilo para essa luta.
Nota da redação: na final do TUF Brasil, no UFC 147, a organização não permitiu que Rony entrasse com a máscara do Jason.
A máscara faz diferença realmente para você, que até chorou quando não te deixaram entrar com ela?
Para mim faz. Eu tento me esconder naquela máscara. O Rony Mariano é
uma pessoa, o Rony Jason é outra. Quando vou lutar, que abaixo aquela
máscara, tento não ser o Rony Mariano. Às vezes eu brinco e a galera
fica zombando de mim, mas eu não gosto de machucar meu oponente. Na
hora, para conseguir o que eu quero, uma finalização ou um nocaute,
tenho que buscar isso, mas pode ver que nas minhas lutas busco sempre a
finalização. Procuro machucar menos meu oponente porque sei o sofrimento
que ele passa para estar ali, e sei o meu também, me vejo na pele dele
ali. São duas pessoas buscando o mesmo sonho, e infelizmente só uma vai
conseguir.
Quantas lutas você acha que faltam para chegar ao cinturão?
Acho que essa e mais duas lutas boas. Aí eu poderia ter a oportunidade
de disputar o cinturão. Deus queira que seja contra o José Aldo, assim o
cinturão não sai do Brasil. Se o José Aldo perder antes, vou batalhar
para trazer o cinturão de volta para o Brasil.
Você ainda volta para Quixadá ou vai ficar direto no Rio até a luta?
Fico no Rio até a minha luta. Depois pretendo voltar a Quixadá, minha
família toda é de lá. Às vezes a galera fica brigando comigo que eu
viajo depois que luto, mas eles têm que entender que minha família e
todos os meus amigos são de lá. É diferente das pessoas que treinam e
moram aqui, que podem ver suas namoradas e familiares no fim de semana.
Eu passo dois, três meses longe da família e sem contato, a não ser por
internet ou telefone. Espero que todo mundo compreenda que eu dê uma
visitada em Quixadá e Mossoró depois da minha luta.
Os caras são um espelho para toda a academia (Team Nogueira). Se eles pedirem meu braço para quebrar, dou os dois"
Sobre Minotauro e Minotouro
Como surgiu esse patrocínio do Fortaleza? Você é torcedor do clube?
Sou torcedor. Geralmente eu saía na mão com meu irmão, que torce para o
Ceará (risos). Torço realmente para o Fortaleza e aconteceu que um
amigo meu, com quem eu treinava na infância, é um dos responsáveis pelo
clube. Aí ele achou legal e tentou fazer essa parceria. É uma maneira
também de o estado do Ceará retribuir um pouco do que eu faço por eles.
Assinei um contrato de seis meses. Espero renovar no fim do ano.
Vai entrar com alguma coisa do Fortaleza no octógono?
Vou, com certeza. Vou entrar com a bandeira do Fortaleza. Inclusive,
eles fizeram até máscara do Jason lá para vender lá no Ceará.
Para finalizar: qual a importância do Minotauro e do Minotouro na sua carreira?
Vital. Os caras são um espelho para toda a academia. Treinam mais do
que muitos outros que fizeram muito menos na carreira. Se eles pedirem
meu braço para quebrar, dou os dois.